quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Qual a imagem da mulher na mídia?

Por Mabel Dias

Apesar da maior presença das mulheres em cargos de chefia nos meios de comunicação, a imagem delas na mídia continua sendo deturpada.
Basta ver como são tratadas nos comerciais de TV e até nas redações onde trabalham, mesmo ocupando cargos de direção. Continuam a ser vistas como o segundo sexo. Nem precisamos falar dos jornais popularescos, que estampam em suas capas corpos de mulheres seminuas para poder vender mais, aliando a isto noticias de espetacularização da violência. Mulheres transformaram-se em produtos.
Segundo a jornalista Vera Daysi Barcelos, presidente da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, acontece uma naturalização do racismo e sexismo na mídia brasileira em geral, fator dificultador quando se pensa em projetar a imagem da mulher, em especial a da negra. “A ausência de mulheres negras e a veiculação de imagens estereotipadas causam prejuízos na identidade racial e na valorização social da população feminina afro-brasileira”, afirma.
Outro aspecto que cabe salientar, de acordo com Vera, é o estético. Mulheres que não apresentam padrões de beleza social e culturalmente valorizados encontram maior dificuldade de ingressar no mercado de trabalho como repórteres em emissoras de TV.
Já a jornalista da Republica Dominicana, Naivi Frias, e integrante da Rede Dominicana de Jornalistas com Perspectiva de Gênero, vai ainda mais longe. Ela questiona: a noticia tem sexo? E a resposta vem dada por outra comunicadora, Patricia Anzola, que afirma: “a noticia não tem sexo, porém seu tratamento sim, tem gênero”. Isto significa que quando, uma noticia é elaborada ela traz as visões de mundo que incluem nossos pré-juizos sobre o que é ser homem e ser mulher, em uma sociedade patriarcal como a nossa.
Naivi Frias cita exemplos. “Quando se entrevista uma mulher, seja para jornal ou televisão, pretendemos que ela se aparente bela, primando seu aspecto físico sobre sua experiência, pois a maioria das vezes não se exige que os homens sejam bonitos para aparecer na mídia.” Sem falar nas pautas quando são distribuídas, sendo dadas aquelas de maior complexidade, ou que causem mais impacto na opinião pública, aos jornalistas do sexo masculino.
Tenhamos um olhar crítico sobre os meios de comunicação e vejamos que espaço e papel é dado às mulheres. Assédio moral e sexual acontecem com certa freqüência, mas as denúncias são silenciadas na maioria das vezes.
Naivi Frias ressalta que o desafio para quem faz comunicação social é ter êxito em transformar seu pensamento e utilizar palavras para isto, com o objetivo de emitir mensagens que reflitam um mundo a partir de uma perspectiva igualitária, e buscando o mesmo pra as demais pessoas. Um desafio e um compromisso para os/as jornalistas.
E lança algumas perguntas: porque comprar periódicos que abusam do uso do corpo da mulher para serem vendidos?
Porque comprar produtos que apresentam as mulheres como idiotas para serem vendidos?
Porque apoiar a publicidade sexista que segue apresentando homens entre símbolos de poder e mulher como símbolo de objeto sexual ou de servilismo e submissão?
E acrescento: porque continuam a pensar programas de culinária, bordados e maquiagens para as mulheres?

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